Todos nós somos (mais ou menos) narcisistas; e os políticos são mais narcisistas do que as pessoas normais.
Porém, as atitudes recentes do André Ventura ultrapassam os limites do bom-senso e desafiam claramente o senso-comum — desde logo porque ele “se arma” em vítima, por exemplo, quando se demite da direcção do CHEGA porque tem sido (alegadamente) “vítima dos malandros do partido que o criticam” (é o momento “Bruno de Carvalho” de André Ventura), e por isso pede aos militantes do CHEGA que o legitimem nas próximas eleições internas do partido, quiçá com 99% dos votos.
O André Ventura embarca assim na cultura do politicamente correcto — nomeadamente, a cultura política de auto-vitimização própria da Geração Floco de Neve (“Hoje doeu muito! Coitadinho de mim! Tenham pena de mim porque eu estou a sofrer muito! Buáááááá ! Sniff !”).
O narcisismo do André Ventura é de tal forma exagerado e abstruso, que ele já vive em uma realidade (política) alternativa. Parece-me que muitas das críticas internas do CHEGA ao André Ventura terão razão de ser; só que o narcisismo da criatura já a impede de as ouvir.