Quando a autoridade de direito de alguém coincide (teoreticamente) com a sua autoridade de facto, então não há uma razão objectiva para duvidar da autoridade dessa pessoa em áreas da sua especialização — excepto quando se invocam outros argumentos provenientes de outras autoridades de facto da mesma área.
Se a mera invocação da autoridade de facto fosse, em si mesma, uma falácia lógica , então o conhecimento não seria possível.
O Argumentum ad Verecundiam ou Falácia da Autoridade pretende sustentar uma tese fazendo unicamente apelo a uma personalidade de reconhecido mérito, mas cujo saber ou competência é irrelevante para o tema em discussão.
Ora, isto é diferente do que foi escrito aqui.
Um exemplo de uma falácia da autoridade “O Cristiano Ronaldo é cliente do Banco X, e por isso esse Banco é o melhor de Portugal”.
Ou: “O Carlos Fiolhais considera Karl Marx como o maior filósofo de todos os tempos, o que faz deste, de facto, o melhor de todos”.
Nem o CR7 é especialista em Bancos, nem o Carlos Fiolhais tem autoridade em filosofia suficiente para fazer juízos de valor válidos sobre o “maior filósofo”.
E, por exemplo, se um médico dá uma opinião sobre matérias da sua especialidade, isso não configura necessariamente uma Falácia da Autoridade.
Creio que o objectivo do autor do outro blogue era denunciar casos como os do Papa Chico: não é por ele ser papa que tudo aquilo que ele diz sobre a Igreja e sobre o Cristianismo passa a ser verdade. Ou seja, a autoridade de direito (ser papa) não lhe confere autoridade de facto (conhecer ou ser fiel à doutrina da Igreja).
Outro exemplo é o dos “especialistas no aquecimento global”. São todos cientistas doutorados, mas na prática propagam pseudociência ou, na melhor das hipóteses, generalizações abusivas feitas a partir de factos científicos.
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